Operação é realizada em casa de prostituição após anúncio de vagas com carro de som e redes sociais
Uma operação foi realizada em uma casa de prostituição após denúncias de exploração sexual e trabalho degradante, no bairro Colinas do Sul, em João Pessoa. A ação começou por volta das 22h desta sexta-feira (22) e terminou na madrugada deste sábado (23). Participaram da operação o Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB) e as Polícias Civil e Militar.
Conforme o MPT-PB, nove mulheres que trabalhavam como
profissionais do sexo estavam no local no momento da operação, algumas vieram
dos Estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Mato Grosso. Foi constatada a
venda ilegal de medicamentos, jornada exaustiva e alguns alojamentos precários
e sem higiene. Além disso, a fiação elétrica da cozinha do estabelecimento com
risco de choque ou incêndio. No local, não havia adolescentes.
“Houve denúncia e havia indícios de exploração sexual e
trabalho degradante. O estabelecimento havia divulgado nas redes sociais, bem
como em carros de som pela cidade, a contratação de meninas para programas
sexuais. No ato de inspeção, estavam no estabelecimento nove profissionais do
sexo”, disse o procurador Eduardo Varandas.
As profissionais do sexo tinham uma jornada excessiva de
trabalho. “O MPT fez verificação física do local, inclusive dos alojamentos das
profissionais do sexo, detectando a venda ilegal de medicamentos, como pomadas
vaginais e anti-inflamatórios. Não havia adolescentes no momento da operação.
Todavia, as profissionais do sexo tinham jornada de trabalho exaustiva que ia
de meio-dia até meia-noite, podendo se estender até às 2 horas da madrugada.
Algumas confessaram que chegavam a trabalhar de domingo a domingo”, afirmou
Varandas.
De acordo com o procurador, as profissionais do sexo
relataram que “os programas sexuais custavam R$ 150 por meia hora, sendo R$ 50
para o dono do estabelecimento”. “As condições de trabalho das profissionais do
sexo eram preocupantes, porque além da jornada extensa, havia ambientes com
pouca higiene em alguns quartos, bem como na cozinha. Também havia fiação
exposta na cozinha, o que poderia acarretar risco de choque elétrico”,
acrescentou Eduardo Varandas.
“Umas das profissionais do sexo estava grávida e informou
que somente pararia de se prostituir quando completasse cinco meses de
gravidez. As profissionais do sexo, além de pagarem a quantia de R$ 50 por
programa ao dono do estabelecimento, também pagaram a ele R$ 100 por semana
pela estadia e alimentação”, informou Varandas.
Segundo o procurador Eduardo Varandas, também foi constatada
a presença de profissionais sem carteira de trabalho assinada, como a faxineira
e a cozinheira do estabelecimento que, além da jornada diária de 12 horas, não
recebiam férias, 13º salário, horas extras e nem adicional noturno.
O dono do estabelecimento declarou que o estabelecimento
existe há oito anos e que somente há dois anos funciona como casa de
prostituição. “O MPT instaurou procedimento investigatório que poderá resultar
em condenações judiciais que podem variar de acordo com o dano coletivo em face
da exploração do trabalho ilícito e degradante das profissionais do sexo. O
dono do estabelecimento foi conduzido à delegacia para lavrar o flagrante e
responder a processo criminal”, informou Eduardo Varandas.
“Como a maioria das profissionais do sexo é do Rio Grande do
Norte, Pernambuco e até do Mato Grosso, em audiência, buscaremos indenização
individual às meninas e custeio do transporte de retorno para casa e ainda comunicaremos
às Secretarias de Ação Social ou Desenvolvimento Humano do Estado e do
Município para inserção em programas sociais”, acrescentou o procurador Eduardo
Varandas.
Durante oitiva na delegacia, as mulheres informaram que
vieram à Paraíba por conta própria por meio de anúncio na rede social. “As
profissionais do sexo ouvidas disseram que vieram para a Paraíba por conta
própria, através do anúncio que viram em uma rede social. Mas o MPT vai
investigar a hipótese de tráfico de mulheres para fins de ‘trabalho sexual
degradante’”, informou o procurador do Trabalho Eduardo Varandas.
A operação foi coordenada o delegado Alberto do Egito Souza,
a delegada Renata de Almeida Matias e o procurador do Trabalho Eduardo Varandas
Araruna. A delegada Cláudia Germana Santos Silvino participou da ação fazendo o
procedimento na delegacia.
O dono do estabelecimento foi levado para a delegacia e vai
responder a processo criminal.
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